Conheça a logoterapia

Mulher em uma sala sorrindo.


A Logoterapia tem suas próprias técnicas psicoterapêuticas, baseadas em três pilares igualmente importantes e interligados: 1) a liberdade da vontade; 2) a vontade de sentido; e 3) o sentido da vida.


A logoterapia se aplica a todas as áreas da vida humana, seja a condição física (somatogênica), de onde surgem as doenças orgânicas, seja a área psicológica (psicogênica), de onde procedem as neuroses como já são conhecidas, ou, dos conflitos de consciência (noogênica), ou seja, das crises existenciais, que são conflitos de consciência e falta de valores. Essas crises muitas vezes resultam no “vazio existencial”, que Frankl denominou de neurose coletiva.

O “vácuo existencial” acontece por duas razões: primeiro, o homem é diferente dos animais que se orientam pelos instintos, e ao contrário daqueles, o homem precisa
saber e decidir o que fazer; segundo, porque as tradições têm sido abandonadas ao longo da história. Hoje, o homem vive desgarrado como ovelha sem pastor, sem saber distinguir o que é ou não sua vontade. Essa instabilidade existencial lhe deixa inconstante, sem norte, sem sentido, e facilmente se torna massa de manobra, passando a reproduzir o que algumas pessoas fazem e conformando-se à vontade de outros.

A despeito da mais cruenta condição humana, a vida tem sentido e continuará tendo até o último suspiro de vida, cabendo assim ao logoterapeuta mostrar ao seu paciente que a vida nunca deixa de ter um sentido. Como diz Frankl, o psicoterapeuta não pode mostrar o
que é o sentido, mas pode indicar que um sentido, e que a vida o conserva. A vida se mantém cheia de sentido, sob quaisquer condições. Para a logoterapia, tudo tem sentido, inclusive os condicionantes impostos que causam sofrimento e morte; isso vai depender da atitude que o indivíduo tiver em tais circunstâncias, seja a dor, a culpa ou a morte. O papel do logoterapeuta é levar àqueles que lhe procuram, a conscientização da transformação possível do desespero para o triunfo humano.

Sem os referenciais instintivos e sem o apoio das tradições, é missão da psicologia mostrar ao homem sua necessidade inerente de encontrar sentido. Em todas as situações da vida encontramos sentido, e a logoterapia tem o objetivo de falar às necessidades do homem em nosso tempo presente.

A logoterapia pertence ao ramo da psiquiatria existencial e é considerada a única escola dessa área a desenvolver suas técnicas; contudo, as técnicas não são superestimadas pelos psicoterapeutas, por entender-se que a relação humana é mais importante que qualquer técnica que possa ser usada. Aliás, a técnica pode atrapalhar os resultados de uma terapia quando ignorada a parte da relação humana propriamente humana. O uso excessivo da técnica implica em manipulação. Por outro lado, uma terapia baseada apenas na dinâmica, tende a transformar as pessoas em coisas, e não é com coisas que lidamos quando em uma relação terapêutica. Infelizmente, a reificação dos pacientes tem sido o grande mal de algumas terapias. E ao perceber isso (porque percebe), o paciente tende a se afastar. As pessoas querem e precisam ser tratadas como humanas numa relação terapêutica. Muito importa, a relação entre o Eu e Tu, mas não deve parar aí; é preciso transcender para um sentido que vá além de si mesmos.

Portanto, o que mais importa em um processo terapêutico é a relação humana entre as partes. Os pacientes devem ser vistos como sujeitos livres e responsáveis, inclusive para sentir e assumir suas culpas, e não vítimas de processos condicionantes, sejam eles biológicos, psicológicos ou sociológicos. O trabalho psicoterápico não é mera análise, é uma terapia. Essa é a proposta da logoterapia.

Como uma abordagem fenomenológica, a logoterapia tenta descrever o homem como ele entende a si mesmo e mostrar a autocompreensão humana em termos científicos. A logoterapia pode ser definida como a cura através do sentido. Evidentemente, a logoterapia não é uma panaceia indicada para todos os casos; ela é inicialmente proposta para tratamentos abreviados de neuroses.
__________________

FRANKL, Viktor E.
A vontade de sentido. Fundamentos e aplicações da logoterapia. São Paulo: Paulus, 2011. (Prefácio e Introdução).



Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem